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ESTRAGON Estamos sempre achando alguma coisa, não é, Didi, para dar a impressão de que existimos?

[Esperando Godot-Samuel Beckett]

elementos de pesquisa

"O espelho é, afinal de contas, uma utopia, uma vez que é um lugar sem lugar algum. No espelho, vejo-me ali onde não estou, num espaço irreal, virtual, que está aberto do lado de lá da superfície; estou além, ali onde não estou, sou uma sombra que me dá visibilidade de mim mesmo, que me permite ver-me ali onde sou ausente."

[Conferência proferida por Michel Foucault no Cercle d'Études Architecturales, em 14 de Março de 1967.

(publicado igualmente em Architecture, Movement, Continuité, 5, de 1984) ]

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"Planning tends to be tentative and short-term. People cultivate moments of joy when danger recedes, knowing it might not last. Violence and disruption remain painful, but at least there is no expectation of normalcy or control to shatter. Pain runs deep, but so does resilience.(...)"

Voluntariamente ou não fomos confinados às nossas existências individuais, fisicamente separados do mundo. Em diferentes patamares na escala do privilégio fomos fechados num espaço retangular onde inicialmente se tentava replicar toda e qualquer interação física que alguma vez se teve. Uma rotina, uma não rotina, um hábito, um dever, uma estrutura que simbolizava quem éramos a cada momento e quem seríamos nós, nos nossos planos a longo prazo. A soma total dessas estruturas que se refletem em pequenas ações como ir às compras, tomar um café, ir ao ginásio, era agora centrado num ecrã. Ecrã esse que não foi palco de fenómenos epidémicos anteriores. Somos cidadãos de uma sub-imposição de lugares. Nesta condição não existe tempo que separe sítios, pois tudo colidiu num mesmo e tornou-se impossível dissociar o que se é (enquanto pessoa ou personagem) em cada um destes, porque todas as possibilidades estão constantemente presentes, obtendo um mesmo valor simbólico.

O vírus não vencerá o capitalismo. A revolução viral não chegará a ocorrer. Nenhum vírus é capaz de fazer a revolução. O vírus nos isola e individualiza. Não gera nenhum sentimento coletivo forte. De alguma maneira, cada um se preocupa somente por sua própria sobrevivência. A solidariedade que consiste em guardar distâncias mútuas não é uma solidariedade que permite sonhar com uma sociedade diferente, mais pacífica, mais justa. Não podemos deixar a revolução nas mãos do vírus.

Fonte

Byung Chull Ann

Ensaio Escrito

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